segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A falta de fatos

Em uma discussão na qual as partes envolvidas pretendem chegar a alguma coisa, é fundamental que alguns juízos sobre fatos sejam emitidos. Do contrário, as discussões se tornam um choque de imaginações, algo raramente produtivo ou  mesmo agradável em qualquer sentido.

Isto é óbvio! E mesmo assim mais e mais pessoas que se envolvem em discussões na internet são arrastadas para a ideia de que não é possível chegar nunca a um acordo e de que não existem fatos, apenas interpretações.

Mas não será a própria imaturidade diante da interações com os outros que nos leva a supor que a realidade não existe? Que tudo que comunicamos é produto imaginário? Filósofos como Nietzsche que criticaram a objetividade estavam reagindo ao, de maneira resumida, nosso impulso de agarrar nossas convicções a todo custo, principalmente aquelas que nos foram ensinadas. Com isso esquecemos de aproveitar a vida e suas transformações e possibilidades, vivendo atormentados em prisões morais e divinas.      

E nós, estamos reagindo ao mesmo cenário? Aparentemente não. Nosso estímulo de reação para desistir da objetividade parece ser simplesmente a frustração envolvida em sua busca. Existe um assunto que envolve uma decisão objetiva em relação ao mundo. Por exemplo, legalização total dos estudos com células tronco extraídas de cordões umbilicais. Você expressa um ponto de vista, muito importante para você. Outro expressa o oposto, com igual carga afetiva. Os afetos se encontram mas a ideias não. Ninguém compreende o que acontece, todos se ofendem ou se cansam. Isso se repete para diversos assuntos.

Com o conhecimento refinado sendo isolado no contexto acadêmico, repleto de trabalhos que requerem uma enorme quantidade de outras referências e até mesmo línguas estrangeiras, ficamos condenados a dois extremos.

Podemos admitir o narcisimo daqueles que abandonam as discussões que realmente movem o mundo em nome de um estudo tradicional voltado para o culto do ego e da própria tradição. E nem assim somos livres da pressão relativista! Dentro da academia ninguém realmente se importa com o conteúdo do que é dito, apenas com o modo como é dito e com o fato de que algo é dito.

A alternativa é não cair nessa armadilha e discursar livremente na internet. Mas com isso não temos acesso a ferramentas sofisticadas de pensamento que estão sendo guardadas pelo nossos auto prestigiados intelectuais. O resultado desse caso é experimentado pela maioria das pessoas com acesso regular à internet.   

Como sair disso? Me acompanhe:

O mundo existe independentemente de você. Outras pessoas são existências do mundo igualmente independentes. Nós não temos uma imaginação divina capaz de criar a natureza. Os avanços na arte e na cultura nos provocam essa ilusão. Todas as experiências, todas as vivências, são precisamente deste mundo que todos nós compartilhamos. Ouça opiniões diferentes da sua não como imagens desconectadas da sua realidade, mas como percepções de outras partes do real.

A interação com o meio limita nossas possibilidades, mas em um bom sentido, no sentido de dar sossego a essa sensação opressora de poder criar tudo livremente e, portanto, não ter nenhuma base firme. Você quer pensar coisas mais precisas, mais objetivas? Pense menos por si e para si mesmo e considere outras necessidades, outros interesses, outros sentimentos.

Pare de brincar, comece a investigar.

Texto completo: Frustração e relativismo

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